Peculiaridades do Tratamento do Dependentes de Drogas

Peculiaridades do Tratamento do Dependentes de Drogas

  Peculiaridades do Tratamento do Dependentes de Drogas

As formas de tratamento existentes para a dependência incluem internação, várias formas de abordagem psicoterápica do paciente e/ou de familiares, tratamentos medicamentosos - tratamentos aversivos (uso de medicamentos que provocam reações desagradáveis quando a pessoa uso certas drogas), de substituição de uma substância por outra, medicamentos para diminuir o desejo de consumir as drogas, antagonistas (que anulam os efeitos prazerosos das drogas), prevenção de recaída - dentre outros. É importante destacar também, o papel dos grupos de mútua-ajuda - Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos - que apresentam ampla divulgação e abrangência.
      As técnicas de abordagem são instrumentos que podem ser combinados entre si, de diferentes formas. O objetivo destas combinações é tratar o paciente dependente da melhor maneira possível, independente da idade do mesmo, uma vez que os princípios do modelo de dependência são os mesmos para pré-adolescentes, adolescentes e adultos.
As estratégias do tratamento vão depender da avaliação inicial feita pelo profissional especializado, que permitirá a definição da gravidade do problema. Geralmente, o tratamento de abuso e dependência de drogas inclui abordagem clínica, psicológico-psiquiátrica e social.
      A motivação para o tratamento é um fator importante, mas que, frequentemente, não se encontra nos adolescentes. O primeiro passo que a família e o profissional da área da saúde devem seguir é tentar motivá-lo a realizar o tratamento, apontando as perdas em decorrência do uso de drogas.
 

       Avaliação inicial do adolescente

      
A avaliação detalhada do quanto, como e onde se dá o consumo de drogas pelo adolescente fornece informações sobre o grau de envolvimento com a droga e a gravidade do quadro clínico. Esta avaliação é especialmente importante na elaboração da estratégia de tratamento.
       Perguntas sobre o envolvimento em atividades ilegais devem ser feitas, uma vez que este é, em grande número de casos, o motivo que leva o adolescente a procurar ajuda profissional. Outras áreas que devem ser avaliadas sistematicamente são o desempenho escolar - muitas vezes prejudicado pelo uso de drogas - e a vida sexual. O envolvimento com prostituição e promiscuidade não é raro.

O exame clínico completo, juntamente com o exame neurológico (pensamento, memória, expressão motora e verbal), deve fazer parte da avaliação de todo adolescente que faz uso de drogas. Ainda que alterações físicas nessa faixa etária sejam menos frequentes que nos adultos, deve-se sempre estar atento para sinais e sintomas de alterações físicas e psicológicas decorrentes de intoxicação por drogas (agudas) ou crônicas, que são aquelas que se manifestam após período prolongado de uso de drogas.

      A avaliação da família e do contexto social do adolescente é obrigatória, uma vez que são fatores importantes no início e na manutenção do uso de drogas. Além disso, são aspectos fundamentais no processo de tratamento desses adolescentes. Deve-se, portanto, investigar se há outros casos de dependência na família, assim como antecedentes familiares de criminalidade relacionada ao uso/abuso de drogas e abusos sexuais. A forma como a família enfrenta ou enfrentou tais situações também é importante e deve ser conhecida, pois irá embasar o trabalho familiar a ser desenvolvido.

      As particularidades do tratamento.

O interno é um indivíduo em desenvolvimento, o que implica no reconhecimento de características únicas desta faixa etária. Os jovens frequentemente encontram dificuldades para ficar sem usar droga nenhuma no início do tratamento porque não conseguem, e muitas vezes não sabem, preencher seu tempo com atividades não relacionadas às drogas.
     Diferentemente dos adultos, que já haviam desenvolvido seus papéis na sociedade antes dos problemas causados pelo uso indevido de álcool e/ou outras drogas, o adolescente e pré-adolescente sabem, instintiva e logicamente, que não podem retornar à situação anterior e voltar à experimentação destas substâncias.
      Eles estão mais preocupados com fatos presentes como vida familiar, escolar ou com os amigos do que com possíveis comprometimentos físicos ou psíquicos que as drogas possam vir acarretar.
      A análise dos fatores de risco e de proteção para o uso de drogas na adolescência e seus desempenhos nas áreas de desenvolvimento psicológico, habilidades sociais, funcionamento familiar, desempenho escolar/acadêmico e a habilidade de encontrar e se engajar em atividades sociais devem ser realizadas como parte de um tratamento mais abrangente.

      A importância da abstinência

      Uma das principais tarefas no tratamento de adolescentes dependentes de drogas é a de ajudá-los a atingir a abstinência total de qualquer substância que altere seu psiquismo. Porém, a abstinência não é o objetivo final – e sim a retomada do desenvolvimento normal do adolescente. A obtenção da abstinência pode ser vista como uma porta ou ponte para a recuperação. Isto requer que o adolescente faça uma reformulação em sua identidade. A dificuldade é que esta identidade é completamente nova. Ela não pode ser relembrada, mas deve ser construída. Não se trata de reabilitação, mas sim de habilitação.

      As modalidades de tratamento

      De modo geral, os programas existentes incluem tipos diferentes de tratamento que variam de acordo com a intensidade de auxílio que o paciente necessita. Os regimes de tratamento são basicamente:

    (1) tratamento hospitalar em regime de internação, seguido de acompanhamento ambulatorial;
    (2) tratamento ambulatorial/hospital-dia;
    (3) tratamento em comunidades terapêuticas.

     A determinação do tipo de tratamento mais apropriado deve ser feita mediante avaliação individualizada de cada adolescente, permitindo-lhe mobilidade nas etapas do tratamento de acordo com a sua evolução e resposta ao tratamento inicialmente oferecido.
      Idealmente, os programas devem ser multidisciplinares, para que possam oferecer uma abordagem biopsicossocial e também envolver a família no processo, pois o uso de drogas é um fenômeno complexo que abrange várias esferas da vida das pessoas. A equipe deve incluir pediatra ou clínico geral, psiquiatra infantil, psicólogo, enfermeira, terapeuta ocupacional, pedagoga e assistente social.
     As diferentes abordagens a serem empregadas são a psicoterapia individual (especialmente naqueles com outros problemas psiquiátricos associados) e/ou em grupo, orientação e terapia familiar. O acompanhamento escolar e orientação vocacional também são importantes, especialmente vislumbrando o retorno do jovem às atividades e o desenvolvimento de outras habilidades não desenvolvidas até o momento.
     As comunidades terapêuticas são recurso importante para quadros de dependência de longa duração, com comportamentos antissociais, problemas familiares e sociais, nos quais não existam quadros psiquiátricos associados.
As diferentes abordagens terapêuticas não são excludentes e, muitas vezes, é necessária a associação de várias delas. Alguns recursos comunitários podem ser aproveitados como os serviços de orientação por telefone, serviços de aconselhamento, grupos de mútua ajuda (AA/NA), centros de informação, serviços educacionais e vocacionais e centros comunitários de saúde mental.
     Independente do regime terapêutico a ser empregado, a participação da família é essencial no tratamento.

www.google.com.br; www.facebook.com.br; www.yahoo.com.br;www.digg.com.br;www.bookmarks.com.br